Uma vez assisti uma série sobre relacionamentos e a frase que me marcou foi: "no final o que conta é o cheiro do pescoço". Para mim aquilo nunca foi tão real até o dia em que me tornei refém do cheiro teu.
Somente então percebi que não importa qualquer bilhão de qualidade que a pessoa possa ter, não adianta ser somente legal, somente bom... É o cangote que se torna uma espécie de tensiômetro. É ele quem diz que todo o resto vai ser legal, vai valer a pena.
Um bom pescoço que te faz refém, te faz querer escrever um poema sobre ele, te faz sorrir sozinho nos lugares mais inusitados, cria em você uma memória olfativa, te faz querer outra vez.
Quando o cheiro do pescoço é bom, o toque é bom, o grunhido é delicioso, o suspiro é mágico.
Esse mesmo pescoço te faz ter vontade de aquecer os pés dessa pessoa, te faz querer dormir agarradinho a noite toda, te faz mergulhar num olhar, e se sentir em casa numa terra estrangeira.
E eu não estou falando de perfume. Não, perfume é outra coisa, é apenas uma muleta, um suporte, é somente uma aura divertida que fica pairando por ali. Eu tô falando de pele, do cheiro particular que cada um tem.
Sempre exaltei as funções dos sentidos, eles são perversamente perfeitos. Tanto falo do olfato e ele anda de mãos dadas com o paladar e... Ah o sabor! Os sabores! Teus gostos. Teu cheiro entrou em acordo tácito com teu sabor pra me ensinar gentilmente que o sal do suor é diferente do sal das lágrimas e o sal do gozo se renova no turbilhão de emoção.
E sempre que te vejo de lá pra cá, com tamanho despreendimento de roupas, me encanta te admirar. Meus olhos te seguem ao mesmo tempo ávidos e em paz. Aprendi a me despir por tua causa, porque tornas tudo tão leve e natural.
Adoro ver-te livre, quando dormes tranquilamente sem nenhum adereço, apenas tua pele sobre a cama, despretensiosa, desprendida de pudor, apenas ali, repousando, em plena tranquilidade. Então sem qualquer orgulho, tu juntas teu corpo ao meu, apenas para descansar e tudo como numa perfeita engrenagem começa a se conectar; tua pele e a minha se cumprimentam, se conversam, se unem de uma forma muito natural, os cheiros se misturam, os olhos se fecham e os corações passam a bater na mesma sintonia.
E assim eu fico escutando a tua respiração, cadenciada, sabendo que não haveria nenhum outro lugar melhor para se estar.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
No final o que importa é o cheiro do pescoço
terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
SERÁ QUE ELA É?
Muitas mulheres já devem ter
se perguntado, ainda mais nessa era tão moderna em que as relações se tornam
cada vez mais instáveis e sem tempo: “será que o problema sou eu?” “Será que
preciso mudar alguma coisa?”Será”? Será e vários serás surgem.
Por favor, mulheres do meu
Brasil e do mundo, não cantem para si mesmas dominadas pela dúvida aquela
música de Ângela Maria: “Será que eu sou feia?... Então, por que razão eu vivo
sem ter um bem?” E não se conformem com respostas rasas como: “ Você tem o
destino da lua, que todos encanta e não é de ninguém”.
Muitas ficam se perguntando
se o fracasso em suas relações teve a ver com seu jeito de ser e pior: com seu
jeito de estar. Estar magra demais, estar gorda demais... Ops! Ouço um alarme
tocando aí. O que define o “demais”? E mais: o que define um referencial
individual de beleza? O mundo tem frases prontas “gordofóbicas” para nos
inferiorizar, mas acredite: “Don’t believe in nothing about this, it’s every
bullshit”!
Não encare como comuns
comentários do tipo “É gordinha, mas tem
um rosto tão lindo”!
Tá gorda né, será doença?; Não, você não está gorda, está
inchada!; Não fique por aí dizendo que está gorda!; Está bem, mas se perder
mais três quilinhos... vai ficar perfeita!; Nossa, com tudo isso e usando
decote e roupa curta?
Tem certeza que no seu caso não é melhor um maiô? Biquini
expõe tanto, né?
Você só fala em fazer gordice! Toda gordinha é legal! Ele está
com ela porque ela é uma ótima pessoa; Claro que ele não vai dizer, mas prefere
você mais magra cuidado, senão ele te deixa hein garota! ... E por aí vai.
O repertório de frases gordofóbicas e canalhas não tem fim. Inclusive acho que
já ouvi todas em diferentes fases de minha vida.
Você tem que ter uma “paciência”
de elefante para lidar com pessoas assim e o mundo está cheio delas. O que
posso dizer é que jamais me deixarei incomodar por comentários tão desprovidos
de inteligência emocional como esses. Isso porque respondendo a tudo isso
citado acima, o que posso dizer é: eu sou linda como um todo e não apenas meu
rosto. Gosto de comer e pasme ou não eu gosto de ser curvilínea, não preciso
emagrecer para ser linda, não preciso ser magra para usar um biquíni e o que eu
faço com minha alimentação não é “gordice”, é assunto meu me alimentar e não me
preocupar com sua opinião tacanha sobre o tamanho do meu manequim. Meu peso não
é termômetro de simpatia, não sou obrigada a ser legal se eu estiver gorda,
afinal, sou legal se eu quiser. E o que ele viu em mim foi justamente algo que
o seu preconceito pautado em padrões inferiorizantes jamais conseguirá
enxergar.
Lembro de uma frase de um amigo que sempre diz: "adoro uma mulher renascentista". E eu digo: "Adoro ser renascentista"!
E se o amor um dia acabar eu mesma dou o veredicto: “meu peso é inocente”, não teve nada a ver com isso. E você sua linda, não seja “gordofóbica” consigo mesma, seja apenas você.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
COMECE POR AQUI
COMECE
POR AQUI
Um
livro cativante e repleto de novidades. Um livro para artistas. A capa do livro
já é bem sugestiva, traz uma ilustração de um labirinto, exata representação de
como nos sentimos quando estamos atormentados por muitas atividades que acabam
sufocando nossa criatividade. A proposta é sair do labirinto que nós mesmos
criamos.
Não
há uma única página que não seja interativa. Ele tem uma temática de incentivo
a iniciar ou retomar projetos. “O truque para começar é parar com o papo furado
e começar a fazer”. Às vezes ficamos presos naquele ciclo vicioso de começar
sempre na segunda feira e acabamos por adiar projetos importantes e pior,
engavetando outros tantos!
Desengavetar
esses projetos e de uma maneira leve, divertida é a principal proposta desse
livro. Devemos evitar correr o risco de se “viciar” em arrumar novas atividades
e ficar vendo as ideias irem e virem. O primeiro passo parece ser admitir que
um “start” precisar ser dado. Assumir os porquês. O que tanto tememos? O
fracasso? Não alcançar as expectativas esperadas? Expectativas de quem? O fato
é que transformar ideias em realidade não é fácil.
É trabalhoso acumular o trabalho, ainda mais o trabalho criativo. Por isso esse
livro é tão interessante, ele traz uma série de propostas, técnicas e truques
para se “reencorajar” e conseguir transformar as ideias em realidade. É PRECISO
PERDER O MEDO DA PAGINA EM BRANCO.
Procrastinar
é fácil. O contrário é difícil. A proposta é tornar a decisão de sair da estagnação
também se tornar um hábito. Atitude positiva também conta e o livro nos
relembra que um dos principais motivos para se abandonar projetos é o
pensamento negativo. Ou seja, pensar demais se torna um perigo! O livro também
traz frases bem positivas, tais como:
“POSSO
ACEITAR O FRACASSO,
TODO
MUNDO FALHA EM ALGUMA COISA.
MAS
NÃO POSSO ACEITAR NÃO FAZER UMA TENTATIVA”. (Michael Jordan)
“O
FUTURO QUE VOCÊ VÊ
É
O FUTURO QUE VOCÊ TEM” (Robert G. Allen)
Você
deve se perguntar: “O que está me impedindo de começar um projeto”? Pode-se até
fazer uma lista, para dar uma visão geral da situação. Apreciei as propostas
que levam o leitor para o futuro e para o passado, dando uma visão global do
que aconteceu e do que se pode mudar.
Uma
lista de regras para deixar de procrastinar:
1
– Não tenha medo de fracassar
2
– Admita quando você estiver procrastinando
3
– A procrastinação engole seu tempo livre
4
– ter uma porção de objetivos menores é melhor do que um grande
5
– Fazer alguma coisa é melhor do que não fazer nada
6
– Quanto antes você der o primeiro passo, mais cedo começará a andar
7
– Hoje era o amanhã de ontem.
“O
TRUQUE PARA COMEÇAR
É
PARAR COM O PAPO FURADO
E
você, vai começar quando? Vai começar por onde?
Abraços
literários e bom trabalho!
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
Os meus anos 90
Quando eu estava me tornando
adolescente, todo o mundo diante de mim parecia uma grande e épica odisseia a
desbravar. Especialmente no quesito de lidar com a minha feminilidade, minha
marca no mundo. Eu me sentia terrivelmente perdida e estressada diante de tudo
que parecia existir para as mulheres darem conta de sua beleza. A pergunta que
vivia rondando minha cabeça era: como uma mulher consegue ser mulher?
Parecia haver tantos
detalhes misteriosos vindos diretamente do infinito especialmente para elas que
eu ficava imaginando quando tudo isso viria até mim. Eu queria ser uma mulher,
mas, não qualquer mulher, eu queria ser uma mulher linda e de bem com a vida
como via minha mãe, vizinhas e algumas mulheres ricas das novelas. (Não que
minha mãe fosse rica ou chegasse perto disso, mas sua alegria sempre lhe trouxe
uma riqueza especial).
Uma vez, vi no lixo da minha
vizinha uma embalagem de um hidratante “Davene” e pensei: “que embalagem linda!
Como ela pode jogar isso fora?! Eu brincaria eternamente com isso”! Pensei que aquele
deveria ser o segredo de beleza dela, porque ela era a mulher de verdade mais
linda que eu já tinha visto.
Eu admirava tudo nela, seus
cabelos loiros que na época eu não fazia ideia que fossem tingidos, seus pelos
dourados dos braços, das coxas e aos meus olhos ela era uma semideusa do amor
ou algo assim. Linda e independente: tudo que eu queria ser também. Eu queria ser
daquele jeito da minha vizinha. Percebia que todos os homens a desejavam, e eu
achando que seu poder vinha do hidratante de aveia Davene e dos banhos de mel
que ela dava nos cabelos.
Lembro que certo dia ela me
chamou para fazermos uma máscara de mel para passar no rosto e nos cabelos,
alegando ser fonte inesgotável de beleza e eu me senti tão honrada, como se
tivesse sido convocada para o Miss Brasil. Era a “minha-vizinha-deusa-do-amor”
me chamando para um ritual de beleza, algo destinado apenas às mulheres adultas
e lá estava eu, quando ela poderia ter chamado qualquer uma de suas amigas.
Uns vinte e dois anos depois
e eu ainda me lembro daquele momento, da sensação de poder que tal convite me
conferiu. Claro que o programa não foi perfeito, porque fizemos ao ar livre e
algumas abelhas vieram nos incomodar, ou prestigiar, vai lá saber! Mas, aquela
foi de longe a minha primeira experiência como mulher de verdade, inclusive com
os percalços da situação, me avisando que ser mulher não é ser perfeita ou
viver situações nesse nível.
Por isso, acho muito válida
a influência que mulheres mais velhas exercem, sejam elas mães, tias, vizinhas,
madrinhas, quase que inconscientemente sobre a vida de meninas que estão
entrando na tão misteriosa e obscura adolescência. Se iniciar como mulher não é
fácil, se descobrir como mulher menos ainda. Acho que todas já passaram por
algo parecido e sabem exatamente do que estou falando.
Lembro também que lia
desesperadamente revistas de beleza, dicas de maquiagens, cuidados com os
cabelos, pele, unhas, depilação, exercícios... Era tanta informação nova que eu
não fazia ideia de como processar tudo aquilo e metade delas eu realmente nem
precisava naquela fase da minha vida. Vivia
lendo rótulos e fórmulas e para quê? Nunca fui boa em química! Isso eu também
lembro perfeitamente.
O que afinal, uma menina de
nove anos dos anos 90 podia entender de ácido glicólico, retinóico ou salicílico?
Confesso que às vezes minha cabeça chegava até a doer, mas acho que era mais a
pontada de decepção, como se eu não conseguisse fazer nada direito pra ser uma
mulher de verdade.
Óbvio que hoje muita coisa mudou
o acesso à internet permite qualquer pessoa saber o que quiser sobre qualquer
coisa. Nossas crianças de hoje em dia, que em nada se parecem com as dos meus
saudosos anos noventa, são naturalmente sofisticadas e entendidas de tudo um
pouco.
Contudo, concluindo, posso
dizer que minha adolescência nos anos noventa com todas suas descobertas e
decepções, foi sem dúvida a melhor época da minha vida e eu não trocaria por
nenhum Google.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2016
TERMINE ESTE LIVRO
O Brasil vive uma onda de
livros interativos (o que eu acho fantástico), pois, oferece um espaço muito ou
quase nada visto antes à criatividade dos artistas. O primeiro livro que eu
comprei foi o “Destrua este Diário”, o qual já postei a resenha aqui e confesso
que não tive coragem de destruí-lo. Depois disso, outros vieram, por falar
nisso, Kery Smith faz muito sucesso por esses lados de cá do mundo e não é para
menos, a moça consegue emplacar sucessos seguidos e manter o interesse de seus
leitores.
Outros vieram e um que eu
resolvi me aventurar foi o “Termine este Livro” que já chega interativo no
título, que faltando algumas letras, é o leitor/escritor que tem que completar.
Particularmente adorei essa proposta de terminar um livro, adoro escrever,
tenho veia poética, pra prosa, enfim, receber um livro que “pede” pra ser terminado
é como dar uma barra de chocolate pra um chocólatra, algo assim.
Estou adorando interagir com
esse livro, talvez justamente porque sinto que estou “resolvendo” um mistério.
Desde o início o livro já pede para você colocar suas digitais (meio que te
autuando) para um caso. Ele estimula não somente minha criatividade, como também
minha curiosidade, o que me faz querer chegar até o fim.
Não que eu esteja achando
que será uma tarefa fácil, pois, há alguns mistérios para ser solucionados e
acho que o gostoso mesmo do livro é justamente realizar as tarefas cada um no
seu tempo. Tenho percebido que essa minha interação com o livro, apesar de
ainda não ter chegado ao fim, tem-me proporcionado uma maior ligação comigo
mesma e com o mundo à minha volta, tem me deixado com o olhar mais aguçado
sobre o que acontece ao meu redor, enxergar com mais atenção as coisas e
principalmente as pessoas.
Tem sido uma boa experiência
e posso dizer que sem sombra de dúvidas Kery Smith acertou mais uma vez. Qual
será seu próximo passo, ficamos então aqui nos perguntando. Bem, o que eu sei é
que talento ela tem de sobra e eu, por enquanto, vou ficando por aqui. “Don’t
cross the line - yet”.
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