O tal do ônibus lotado é um
tomento na vida de qualquer ser humano. Especialmente na vida dos pobres, porque aquela
situação te faz não esquecer o quanto você é miserável, por isso está se submetendo
a tudo aquilo.
(foto retirada da internet)
O chato não é nem acordar
cedo, e perceba que acordar cedo é muito sacrificante, mas a primeira tarefa
externa do seu dia ser se meter dentro de um “busão” lotado, isso sim é fim da
picada!
A odisseia começa quando
você tem que disputar pra entrar primeiro e pegar um lugar menos ruim. Sim,
porque não é em todas as capitais que as pessoas têm o espírito inglês e entram
no ônibus em “filinha indiana”. Pior ainda se estiver chovendo.
Bem, então se você tiver
sorte, você ultrapassa os degraus. Alguns ficam por ali mesmo, outros entalados
na catraca e ninguém mais pode ir nem vir, geralmente todos trabalham longe de
casa e quase todos descem nas mesmas mediações, o que gera um engarrafamento
humano dentro do espaço físico interior do veículo.
Uma vez fiquei olhando
aquela placa acima da cabeça do motorista, falando da capacidade de pessoas
sentadas e de pessoas em pé e a piada foi tão infeliz que eu não consegui nem
rir. E falando em transito, ah, o transito! Quem vai ao trabalho de ônibus e
não pode chegar atrasado, sabe que existe uma linha tênue de tempo em que, se
por qualquer motivo houver um atraso seu ou do motorista, você não vai chegar ao
seu destino na hora que havia planejado, porque vão pegar o pior transito das suas
vidas!
O motorista não liga muito,
acho. Isso; acredito que para ele tanto faz, afinal, ele já está trabalhando e
deve estar se lixando pra quem está atrasado ali, no aperto, com gente
“estranha” baforando no seu cangote e você nem tendo onde se segurar direito.
Falando dos tipos estranhos,
tem aqueles que saem de casa sem escovar os dentes e ficam respirando bem
pertinho da sua cara, (acho isso um deboche), tem aqueles que acham banho uma
coisa desnecessária para a vida, bem como desodorantes, outros, usam
desodorantes demais com cheiros quase sempre questionáveis, há também aquelas
mulheres que não costumam lavar os cabelos, mas molham todos os dias e passam
camadas ensebentas de cremes por cima, o que vai formando uma crosta fedida e
encerada, sem falar que por baixo o cabelo está mofado, o que gera um odor
muito peculiar que promete despertar diversas ânsias de vômitos, se você tiver
a sorte de sentar na janela detrás dessa alma tão delicada.
Não vou entrar nem no mérito
de velhinhos em pé, porque a parte do idosos logo cedo também está lotada e a
má educação das pessoas e o fingir que está “dormindo” surge em qualquer
horário. É impressionante também notar a quantidade de homens que vão sentados,
enquanto as mulheres vão de pé, fazendo equilibrismos. Os mesmo homens que não
dão lugar a velhinhos, também não dão às mulheres e nem sequer pedem suas
bolsas.
(foto retirada da internet)
Claro que tem mulher sentada,
que também não dá lugar a velhinhos nem pede bolsas, preferindo levar "arrochas" de bolsas imensas na cara por toda a viagem. Lembro-me de ter visto um homem
xingando as bolsas de mulheres num ônibus (logo, xingando as próprias mulheres
porque as bolsas não vão ao trabalho sozinhas) e ele justificava todo seu ódio
pelas bolsas femininas que eram grandes demais, que as mulheres não sabia
carregar, que quando ele voltava cansado do trabalho, nenhuma mulher pedia a mochila
dele e etecetera e tal. Bem, esse
ódio todo justificado ou não (acredito sinceramente que não seja) vem gerando
uma reação em cadeia.
É preciso conectar-se ao
celular numa hora dessas, olhar a paisagem lá fora, focar um ponto qualquer no
infinito ou mesmo torcer para entrar numa realidade paralela ou até ser abduzido,
porque a realidade nua e crua é cada vez mais impossível.
As pessoas estão cada dia
mais agressivas nos ônibus, nas integrações, dando vazão a uma selvageria que
somente conhecia nos filmes, até bem pouco tempo. Outro dia, vi num terminal
integrado, pessoas (na maioria homens que invadiam um ônibus sem cogitar a
possibilidade de respeitarem uma fila) passarem por cima de uma criança que não
deveria ter mais de três anos.
Um absurdo. A mãe tentava
colocá-lo primeiro no degrau e subia logo em seguida, mas a turba invadiu de
uma forma que não respeitou nem mesmo uma mãe com um bebê e eu pergunto “pra
quê isso” e onde esse mundo vai parar desse jeito! Educação básica é o mínimo
necessário para se sair de casa e voltar com segurança. As pessoas parecem que
estão esquecendo-se disso e fazendo do ambiente de paradas de ônibus e
integrações a arena de batalha.
(fotos retiradas da internet)
(P.S.: o terminal da Macaxeira em Recife eu particularmente utilizo e é sempre um caos)
Às vezes acho que saem de
casa com o mantra no pensamento “Isso é ESPARTAAAAAA!!!!” E me pergunto: como
seria Esparta com busão?
Bem... Longe de querer
causar polêmica, (porque o assunto já se polemiza por si mesmo), parece que a
despeito de as pessoas estarem disputando cada vez mais espaço nos coletivos, o
que mais lhes está faltando em minha opinião, é serem menos agressivas com o próximo,
respeitarem mais o outro e lembrarem que todo o outro é seu semelhante.
(foto retirada da internet)
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