Difícil um homem ser Feliz
antes dos quarenta. Tudo é possível, mas o homem novo é sempre mais ansioso.
Quando é menino, tem ansiedades de crescer, de que chegue a tão sonhada
emancipação dos dezoito anos. Quando faz os dezoito anos, percebe finalmente
que as coisas nunca são como sonhamos e deseja voltar a ser criança. Mas,
permanece a ansiedade de sair da cada dos pais, de casar, de conseguir um bom
emprego, de ter a casa própria, filhos às vezes, cachorro, papagaio,
periquito... E claro, uma casa com quintal.
Na verdade, isso aí é
ansiedade de homem de vinte e poucos anos. Antes disso, o homem não passa de um
adolescente desengonçado que deseja mais do que tudo no mundo, se livrar da
incomoda virgindade. Nada pode ser mais importante do que isso.
As ansiedades dos vinte e
poucos anos passam para os trinta com um forte ar de preocupação. Preocupação
de saber que ainda não conseguiu comprar o tão sonhado carro para fazer inveja
aos amigos e com sorte até ao chefe, por saber que ainda não se livrou do
aluguel, preocupação em continuar sem aquela barriguinha de chopp, que afinal,
já vem se mostrando.
O homem chega ao fim dos
trinta e continua preocupado. É a preocupação com o consorcio do carro, que ele
já conseguiu comprar, mas não pagar. É a preocupação com as prestações com a
casa própria, em agradar o chefe, a esposa - fundamental - a sogra vem por
extensão, os vizinhos, em pegar os filhos na escola na hora certa – isso
implica nos agrados à esposa e sogra consecutivamente. Ainda há a preocupação
em juntar dinheiro para o futuro das crianças.
É preciso dinheiro para o
lazer, para comer, adoecer e até para morrer. O homem de trinta ainda não é
feliz, porque a vida não deixa. Mas, é tão natural o andar da carruagem, que
ninguém percebe isso. E todos seguem encenando nesse grande palco da vida.
Mais de uma década se passa
e lá estão os quarenta e poucos anos, bem merecidos. É quase o descanso do velho
guerreiro. O homem de quarenta já não está preocupado em pagar pilhas de contas
intermináveis, até porque as piores ele já pagou entre os trinta e quarenta.
Ele nãos e importa mais em bajular as pessoas à sua volta, porque já conhece
todas com bastante profundidade. É por isso, que não se importa mais em bajular
seu chefe, afinal, daqui a tão pouco chega a tão sonhada aposentadoria.
Também não se importa em
manter o corpo sarado, hoje até convive sem maiores conflitos com a barriguinha
adquirida graças às várias delícias que a vida lhe permitiu experimentar. E tem
que se estar vivo para experimentar as delícias da vida. Outra coisa que não se
importa, é de provar ser o garanhão, afinal, a época não é mais de
extravagâncias.
E se por um acaso, já na
reta final dos cinquenta ele ainda permanecer solteiro, provavelmente carrega
no mínimo um divórcio nas costas - certamente porque deixou de agradá-la – ele
finalmente vai iniciar a sentir como é o sabor da liberdade. Nessa idade, ele é
um homem bem resolvido consigo mesmo e com seu bolso, está tranquilo e em paz
com o mundo. Pouca coisa o afeta.
O que agora, são os planos
de viagem, visitar os filhos já encaminhados na vida, os projetos pessoais são
retomados e vez por outra bata até o medo da morte. Coisa que antes ele até
sentia, mas estava muito ocupado com tudo, para se preocupar.
A vida muda, o homem muda. E,
no entanto, tudo permanece o mesmo.
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