terça-feira, 11 de março de 2014

O HOMEM ANTES DOS 40

Difícil um homem ser Feliz antes dos quarenta. Tudo é possível, mas o homem novo é sempre mais ansioso. Quando é menino, tem ansiedades de crescer, de que chegue a tão sonhada emancipação dos dezoito anos. Quando faz os dezoito anos, percebe finalmente que as coisas nunca são como sonhamos e deseja voltar a ser criança. Mas, permanece a ansiedade de sair da cada dos pais, de casar, de conseguir um bom emprego, de ter a casa própria, filhos às vezes, cachorro, papagaio, periquito... E claro, uma casa com quintal.
Na verdade, isso aí é ansiedade de homem de vinte e poucos anos. Antes disso, o homem não passa de um adolescente desengonçado que deseja mais do que tudo no mundo, se livrar da incomoda virgindade. Nada pode ser mais importante do que isso.
As ansiedades dos vinte e poucos anos passam para os trinta com um forte ar de preocupação. Preocupação de saber que ainda não conseguiu comprar o tão sonhado carro para fazer inveja aos amigos e com sorte até ao chefe, por saber que ainda não se livrou do aluguel, preocupação em continuar sem aquela barriguinha de chopp, que afinal, já vem se mostrando.
O homem chega ao fim dos trinta e continua preocupado. É a preocupação com o consorcio do carro, que ele já conseguiu comprar, mas não pagar. É a preocupação com as prestações com a casa própria, em agradar o chefe, a esposa - fundamental - a sogra vem por extensão, os vizinhos, em pegar os filhos na escola na hora certa – isso implica nos agrados à esposa e sogra consecutivamente. Ainda há a preocupação em juntar dinheiro para o futuro das crianças.
É preciso dinheiro para o lazer, para comer, adoecer e até para morrer. O homem de trinta ainda não é feliz, porque a vida não deixa. Mas, é tão natural o andar da carruagem, que ninguém percebe isso. E todos seguem encenando nesse grande palco da vida.
Mais de uma década se passa e lá estão os quarenta e poucos anos, bem merecidos. É quase o descanso do velho guerreiro. O homem de quarenta já não está preocupado em pagar pilhas de contas intermináveis, até porque as piores ele já pagou entre os trinta e quarenta. Ele nãos e importa mais em bajular as pessoas à sua volta, porque já conhece todas com bastante profundidade. É por isso, que não se importa mais em bajular seu chefe, afinal, daqui a tão pouco chega a tão sonhada aposentadoria.
Também não se importa em manter o corpo sarado, hoje até convive sem maiores conflitos com a barriguinha adquirida graças às várias delícias que a vida lhe permitiu experimentar. E tem que se estar vivo para experimentar as delícias da vida. Outra coisa que não se importa, é de provar ser o garanhão, afinal, a época não é mais de extravagâncias.
E se por um acaso, já na reta final dos cinquenta ele ainda permanecer solteiro, provavelmente carrega no mínimo um divórcio nas costas - certamente porque deixou de agradá-la – ele finalmente vai iniciar a sentir como é o sabor da liberdade. Nessa idade, ele é um homem bem resolvido consigo mesmo e com seu bolso, está tranquilo e em paz com o mundo. Pouca coisa o afeta.
O que agora, são os planos de viagem, visitar os filhos já encaminhados na vida, os projetos pessoais são retomados e vez por outra bata até o medo da morte. Coisa que antes ele até sentia, mas estava muito ocupado com tudo, para se preocupar.

A vida muda, o homem muda. E, no entanto, tudo permanece o mesmo.

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