terça-feira, 11 de março de 2014

Q.I

Todo mundo que tem família, sabe o bicho complicado que é. E engraçado também. Esse negócio de que família só presta em retrato, na maioria das vezes é pura verdade. Quando você está na merda, por exemplo, ninguém quer saber de você, se fala de dificuldades financeiras, fingem que não te escutam, mudam de assunto, se a coisa ficar feia mesmo de preferência te negam até o parentesco. 
Agora, vai você inventar de conseguir qualquer “merrequinha”, para você ver uma coisa! Surgem parentes, aderentes, recorrentes, inocentes e até os bem carentes. Todos querendo uma ajudinha, um empurrãozinho, algo que seja.
Claro que sempre por ordem natural das coisas, queremos proteger os nossos, afinal, o sangue fala mais alto nessa eterna guerra que é a vida. Sabe como é, mantê-los por perto, cuidar como uma grande águia, como se a vida não passasse de um grande ninho de aves que não se desprendem.
E por falar em bandos, isso me faz lembrar outra palavra: bandido. Não que eu queira sair por aí dando termos pejorativos a torto e à direita, mas imagine uma pessoa que assume um cargo de importância pública, por exemplo, e de repente, o que deveria acontecer por um justo processo de seleção, acaba se tornando uma imensa bola de neve, um emaranhado de parentada no mesmo ninho. Agora, se considerarmos a metáfora do bando do ninho, essa pessoa, é ou não é um chefe de bando?
Enfim, pode me chamar de ingênuo, mas ainda mantenho esperanças sobre várias coisas da vida, como o amor e a essência que move o ser humano. Sou um romântico! E sendo assim, insisto em fazer concursos públicos a quase vinte anos da minha vida. No fundo eu sei e as matérias de jornais não me deixam desacreditar disso, que a cada dia, existe mais e mais peixada e Q.I.
A equação é muito simples, preste atenção que se eu consegui, qualquer um consegue. Veja o enunciado:
“Considerando X um indivíduo qualquer, dotado de muito conhecidos e baixo conhecimento intelectual, qual será o resultado se X conhece Q que por sua vez possui I”?
Logo: X . Q.I = peixada ; e  X . Q.I² = peixada dupla!
Maravilha! Eu juro que nunca fui tão bom em matemática, mas a experiência vai ensinando a gente. Também juro que estou caminhando para isso, para deixar de ser ingênuo, embora me ache um caso perdido. Na verdade eu gostaria de deixar de ser ingênuo antes de completar meus sessenta e cinco de idade, afinal, depois disso, eu não vou mais precisar fazer concursos, porque eu já vou estar aposentado. (Mas essa já é outra equação).
Conseguir aposentar-se deve ser muito bom, afinal, é um investimento com retorno, ainda que mínimo. Agora me diga; quem vai me restituir todo dinheiro investido em concursos, todos fadados ao fracasso em que eu participei durante toda minha vida?

Perceba que não estou fazendo uma pergunta retórica e que na minha concepção, nesse caso, nem mesmo tendo quem indique pode ajudar. 

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