Sim colega, isso pode “sim”
acontecer!
Quem passa anos a fio se
dedicando ao máximo para passar num concurso, deixando de lado vida pessoal
como esposo, filhos, amigos, happy hour,
cinema e muitas outras coisas que dão prazer à vida de qualquer ser humano,
muitas vezes pensa que esse é o único objetivo da vida e que ao ultrapassá-lo,
finalmente viverá feliz para sempre. (som
de disco arranhando na vitrola) Só que não!
Depois de uma jornada
exaustiva de estudos dia após dia, de iniciar pelos grandes concursos da vida
(os que começam com T) se é que você me entende, então vamos sentindo as
derrotas seguidas e baixando nosso próprio nível de exigência, até que passamos
a concorrer a cargos administrativos mesmo, o importante nessa fase, depois do
segundo ano, para não entrar em colapso mental, é passar! Passar, não importam
tanto assim as exigências anteriores. Não que tenha deixado de lado o sonho de
ser um funcionário público que ganha mais de cinco mil por mês, mas por hora,
pra começar, quase dois mil reais já ta dando por gasto (e os gastos de
concurseiros são enormes).
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(imagens retiradas da internet)
Enfim então, passa-se para
um cargo administrativo, vem a euforia de ter passado, não vemos a hora do dia
da posse! E ele chega! E nós, como chegamos ao nosso mais novo ambiente de
trabalho? Muitas vezes deixamos de lado carreiras que ganharíamos bem mais que
se estivéssemos ali, mas o nosso foco é a “estabilidade” do cargo. Mas... Somos
estranhos no ninho, então chegamos como? Meio/completamente desconfiados,
inseguros, com medo até de falar de menos ou demais! Até aí está tudo natural.
O problema é que os dias vão
se passando e você começa a pensar naquela monotonia como “o que tem pra hoje e
pra amanhã também”, você até se esforça para ser agradável e simpático com
todos; solícito sem ser pegajoso; sorridente sem ser abobalhado (não quer que
lhe interpretem mal), o reflexo da boa educação.
Contudo, antes de terminar o
mês e você sentir o cheiro das verdinhas, que nem serão tantas assim, mas como
já havíamos dito o foco é estabilidade, um trampolim para um “T” da vida, e na
sua mera vida eis que surge um chefe chato pra Cacilda!!! Aí, ninguém aguenta
isso! Alguém que sutilmente faz questão de retirar qualquer autonomia que você
possa vir a ter no espaço, somente pra mostrar (com muita sutileza, claro) quem
é que manda no pedaço.
E você nem tá querendo
questionar a autoridade de ninguém, só quer fazer o seu e ir embora ao final do
expediente! Mas o universo parece conspirar contra sua pessoa e você começa a
perceber (sutilmente, óbvio) que sua vida está se transformando num verdadeiro
e irritante inferninho diário.
Você quando levanta da cama
não tem mais aquela empolgação da primeira semana, agora já conhece melhor as
pessoas de sua repartição e sinceramente, preferia uma “repartição” dessas
pessoas, mas infelizmente isso não será possível. Você quer continuar na sua
cama quentinha e adoraria que o dinheiro caísse magicamente na sua conta
bancária, sem ter que dar as caras por lá, mas como nada disso é possível, você
é obrigado a surrar o próprio corpo e se levantar para “suportar com eterna
alegria” todas aquelas pessoas estranhas/coleguinhas de trabalho, afinal, o
maior incentivo para levantar da cama é lembrar o trabalho terrível que deu
passar num “concursozinho” do nível de ensino médio e você fica se perguntando
se o problema é com você, se está ficando mais burro e incompetente à medida
que mais estuda, ou se o problema é que tem muita gente focada/paranóica/genial
roubando alguma vaga que deveria ser sua.
É com lamento que descobre
que infelizmente, passar num concurso não é a solução de todos os seus
problemas e começa a pensar que nem o salário está compensando tanto
aborrecimento diário.
Agora você é um ser frustrado,
cansado e sem tempo para estudar para outro concurso melhor. É uma posição
delicada. Ninguém passa num concurso achando que seu chefe vai ser um protótipo
de um chefe controlador e dissimulado que transforma o ambiente público em
privado. Aquele é o mundinho dele e você que está chegando é que tem que se
adequar.
Muitos que não sentem na
pele essa emoção (com a licença poética para o bordão do creme Monange), não
vão entender o seu desespero, vão dizer que você está reclamando de barriga
cheia, que muitos queriam estar no seu lugar e você não sabe dar valor ao que a
vida te deu e que Deus pode até te castigar por proferir tamanhas asneiras. Mas
só quem vive o doce desespero de ser concursado/perseguido pelo
chefe/subliminarmente, pode saber do que esse texto realmente se trata.
No mais, você faz a egípcia na maior parte do tempo, finge
ser gentil e simpático com gente que você saber que está sendo explicitamente
falso com você, e espera mais um dia terminar. Afinal, deu tanto trabalho
chegar até ali que você não vai jogar tudo para o ar como um “meme” louco enfurecido virando a mesa,
só porque o seu cargo público não é nem de longe o ambiente dos seus sonhos.
C’est La vie mon ami! Bonne
chance!
Amanhã, (a menos que você
não amanheça), tem mais! Claro que sempre há aqueles que acertaram e que se
sentem felizes e completos com os concursos que passaram. Mas, sem dúvida você
não é mesmo um desses seres maravilhosos/maravilhados.
Um dia se acerta! Vai saber!
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