terça-feira, 11 de março de 2014

Passei num concurso e ganhei um chefe porre!


Sim colega, isso pode “sim” acontecer!
Quem passa anos a fio se dedicando ao máximo para passar num concurso, deixando de lado vida pessoal como esposo, filhos, amigos, happy hour, cinema e muitas outras coisas que dão prazer à vida de qualquer ser humano, muitas vezes pensa que esse é o único objetivo da vida e que ao ultrapassá-lo, finalmente viverá feliz para sempre. (som de disco arranhando na vitrola) Só que não!
Depois de uma jornada exaustiva de estudos dia após dia, de iniciar pelos grandes concursos da vida (os que começam com T) se é que você me entende, então vamos sentindo as derrotas seguidas e baixando nosso próprio nível de exigência, até que passamos a concorrer a cargos administrativos mesmo, o importante nessa fase, depois do segundo ano, para não entrar em colapso mental, é passar! Passar, não importam tanto assim as exigências anteriores. Não que tenha deixado de lado o sonho de ser um funcionário público que ganha mais de cinco mil por mês, mas por hora, pra começar, quase dois mil reais já ta dando por gasto (e os gastos de concurseiros são enormes).

                                                


(imagens retiradas da internet)

Enfim então, passa-se para um cargo administrativo, vem a euforia de ter passado, não vemos a hora do dia da posse! E ele chega! E nós, como chegamos ao nosso mais novo ambiente de trabalho? Muitas vezes deixamos de lado carreiras que ganharíamos bem mais que se estivéssemos ali, mas o nosso foco é a “estabilidade” do cargo. Mas... Somos estranhos no ninho, então chegamos como? Meio/completamente desconfiados, inseguros, com medo até de falar de menos ou demais! Até aí está tudo natural.
O problema é que os dias vão se passando e você começa a pensar naquela monotonia como “o que tem pra hoje e pra amanhã também”, você até se esforça para ser agradável e simpático com todos; solícito sem ser pegajoso; sorridente sem ser abobalhado (não quer que lhe interpretem mal), o reflexo da boa educação.
Contudo, antes de terminar o mês e você sentir o cheiro das verdinhas, que nem serão tantas assim, mas como já havíamos dito o foco é estabilidade, um trampolim para um “T” da vida, e na sua mera vida eis que surge um chefe chato pra Cacilda!!! Aí, ninguém aguenta isso! Alguém que sutilmente faz questão de retirar qualquer autonomia que você possa vir a ter no espaço, somente pra mostrar (com muita sutileza, claro) quem é que manda no pedaço.
E você nem tá querendo questionar a autoridade de ninguém, só quer fazer o seu e ir embora ao final do expediente! Mas o universo parece conspirar contra sua pessoa e você começa a perceber (sutilmente, óbvio) que sua vida está se transformando num verdadeiro e irritante inferninho diário.
Você quando levanta da cama não tem mais aquela empolgação da primeira semana, agora já conhece melhor as pessoas de sua repartição e sinceramente, preferia uma “repartição” dessas pessoas, mas infelizmente isso não será possível. Você quer continuar na sua cama quentinha e adoraria que o dinheiro caísse magicamente na sua conta bancária, sem ter que dar as caras por lá, mas como nada disso é possível, você é obrigado a surrar o próprio corpo e se levantar para “suportar com eterna alegria” todas aquelas pessoas estranhas/coleguinhas de trabalho, afinal, o maior incentivo para levantar da cama é lembrar o trabalho terrível que deu passar num “concursozinho” do nível de ensino médio e você fica se perguntando se o problema é com você, se está ficando mais burro e incompetente à medida que mais estuda, ou se o problema é que tem muita gente focada/paranóica/genial roubando alguma vaga que deveria ser sua.
É com lamento que descobre que infelizmente, passar num concurso não é a solução de todos os seus problemas e começa a pensar que nem o salário está compensando tanto aborrecimento diário.
Agora você é um ser frustrado, cansado e sem tempo para estudar para outro concurso melhor. É uma posição delicada. Ninguém passa num concurso achando que seu chefe vai ser um protótipo de um chefe controlador e dissimulado que transforma o ambiente público em privado. Aquele é o mundinho dele e você que está chegando é que tem que se adequar.
Muitos que não sentem na pele essa emoção (com a licença poética para o bordão do creme Monange), não vão entender o seu desespero, vão dizer que você está reclamando de barriga cheia, que muitos queriam estar no seu lugar e você não sabe dar valor ao que a vida te deu e que Deus pode até te castigar por proferir tamanhas asneiras. Mas só quem vive o doce desespero de ser concursado/perseguido pelo chefe/subliminarmente, pode saber do que esse texto realmente se trata.
No mais, você faz a egípcia na maior parte do tempo, finge ser gentil e simpático com gente que você saber que está sendo explicitamente falso com você, e espera mais um dia terminar. Afinal, deu tanto trabalho chegar até ali que você não vai jogar tudo para o ar como um “meme” louco enfurecido virando a mesa, só porque o seu cargo público não é nem de longe o ambiente dos seus sonhos.
C’est La vie mon ami! Bonne chance!
Amanhã, (a menos que você não amanheça), tem mais! Claro que sempre há aqueles que acertaram e que se sentem felizes e completos com os concursos que passaram. Mas, sem dúvida você não é mesmo um desses seres maravilhosos/maravilhados.

Um dia se acerta! Vai saber! 

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