Esse é o meu espaço para eu
escrever livremente sem as amarras da Universidade. Sou cria de Federal e quem
é ou já foi, sabe do que estou falando, de como é difícil escrever sem ter que
citar sicrano, beltrano, beber da fonte não-sei-de-quem, embasar seu discurso
no de fulaninho-de-tal...Enfim, teórico é o que não falta. E não acho extremo,
uma vez que as produções acadêmicas são para a academia ou o meio acadêmico e
você, mero aluno universitário, verdinho como uma uvinha, precisa mesmo embasar
o seu discurso, na fala de alguém que já disse aquilo antes de você!
Até aí tudo bem, mas com o
tempo, você vai percebendo, (ao menos eu), fui percebendo que ia deixando de
escrever o que gostava; como gostava e o que é pior: a academia te deixa com
medo de escrever, porque vai se construindo uma aura de que há tantos teóricos
que escreveram ou estão escrevendo sobre tudo, e você vai achando que nunca vai
escrever tão bem assim, que pra isso já existem os "deuses" da
escrita teórica e quando percebe; está focado somente escrevendo artigos
científicos, de preferência com um grau de excelência que possam ser publicados
(afinal, ninguém quer perder tempo pra nada).
Bem, só tenho uma coisa a
dizer: EU NÃO QUERO SER TEÓRICAAAAA, NÃO DESEJO DESENVOLVER NENHUMA TEORIA
FENOMENAL (ou de qualquer natureza). Sou somente alguém que gosta de escrever e
não quer ser julgada por causa disso.
A academia me gerou dois
traumas: o primeiro foi ter medo de escrever (algo que estou me tratando por
meio deste espaço) e o outro medo foi de ler. Sim, medo de ler! Porque há
tantos clássicos, tantos monstros da Literatura de tantos países, que você não
tem mais permissão para ler uma "literatura barata" que não te
acrescente em nada em reflexões ou enriquecimento cultural. Bem, eu quero ser
livre para ler o que quiser e comentar ou não sobre isso. Quero poder escolher
entre ler um clássico da Literatura ou um romance que comprei por 0,50 centavos
num sebo da esquina. Se vai ser ou não perda de tempo, se estou desperdiçando o
tempo de me preparar para um mestrado ou doutorado, porque ando lendo
"literatura questionável" "da modinha", acredito que a
escolha é de cada um, assim como tudo na vida.
Basicamente, foram esses os
traumas que a Universidade me causou, mas sobrevivi, quando saí, relembrei que
eu posso ser eu mesma, sem ter que querer provar nada a nenhum professor ou
colega boçalzinho. E acredite; ser você mesmo não tem preço. Às vezes o espaço
acadêmico faz isso com você, suga o seu "eu" e você acorda um dia sem
saber direito quem é ou quem de fato já foi um dia.
Não estou dizendo que a
academia é um espaço ruim ou que tenho ojeriza a tal, mas apenas a minha
impressão de tudo que vivi por lá. Provavelmente eu vou voltar pra lá mais cedo
ou mais tarde, mas quando isso acontecer, eu vou estar mais consciente de quem
sou e quais sãos os meus objetivos, antes dos objetivos de qualquer docente,
orientador, examinador ou "coleginha" de turma.
É bom estar consciente de
que eu não sou o que produzo na academia, eu não sou o que querem que eu seja
no espaço acadêmico, que minha vida não se resume somente àquilo que esperam
que eu seja. Antes de tudo que eu possa representar na academia, eu sou eu
mesma e isso ninguém pode mudar além de mim mesma.
Tudo na vida é um
aprendizado, isso é a pura verdade. O que fazemos com os ensinamentos, é o que
nos torna diferentes uns dos outros.
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